domingo, 25 de maio de 2008

Sexo: Portugueses sem preservativo

O preservativo está longe de ser o método contraceptivo favorito dos portugueses. Apenas 14% o utilizam, um número praticamente igual há 10 anos. Clínicos pedem mais adesão a este método contraceptivo.

As justificações para esta resistência são difíceis de encontrar. "Não tenho explicações. Tem a ver com a história contraceptiva de cada país. E os portugueses aderiram muito à pílula desde o início da sua comercialização", refere Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento da Família. Em dez anos, "não houve grandes avanços" em Portugal no que respeita à utilização do preservativo, sublinha o sociólogo em declarações ao Público.

O preço elevado poderá funcionar como um entrave, acredita o responsável pela Coordenação Nacional para a InfecçãoVIH/Sida, Henrique Barros. Este organismo já calculou o preço mediano entre os 55 cêntimos nas grandes superfícies e os 81 nas parafarmácias e está agora a negociar a venda a custos mais reduzidos. "Depois, há uma série de questões culturais e crenças que também temos de considerar", disse ao diário, admitindo que uma grande percentagem dos adolescentes dispensa o preservativo por acreditar que o parceiro é fiel.
Nas outras faixas etárias, Henrique Barros justifica a baixa adesão com o facto de a geração que hoje está na meia idade ter crescido com a ideia de que a maioria das doenças sexualmente transmissíveis se trata com antibióticos.

"É um dado adquirido que os portugueses usam pouco o preservativo", reconhece ainda Jorge Branco, coordenador do Programa Nacional de Saúde Reprodutiva, que quer avançar em Outubro com uma campanha de sensibilização, adianta a mesma fonte.

Entre 1980 (primeiro inquérito à fecundidade) e 1997 - o uso do preservativo mais do que duplicou, sobretudo nas gerações mais jovens, lembra Duarte Vilar. No entanto, nos últimos dez anos parece ter arrefecido o motor que punha em primeiro plano a questão da sida e outras infecções sexualmente transmissíveis. Desde 97 até hoje, não houve qualquer aumento. "Este é o primeiro método usado por muitos jovens, que rapidamente mudam para a pílula, quando estabilizam as relações", justifica o sociólogo.

Os principais resultados do 4.º Inquérito Nacional de Saúde (INS) recentemente divulgados apontam para uma percentagem de 13,4 por cento de utilizadores quando no último Inquérito à Fecundidade e Família (de 1997) era de 14 por cento.

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