terça-feira, 18 de março de 2008

"Governo catalão defende masturbação de menores"?


Dois folhetos sobre iniciação sexual distribuídos nas escolas pelo governo da região da Catalunha estão a provocar uma acesa controvérsia nesta região espanhola, não só pelo seu conteúdo como pelo facto de serem escritos apenas em catalão.

Integrados no programa "Salut i Escola", um primeiro folheto destina-se a crianças entre os 1o e os 11 anos e um segundo tem como alvo jovens entre os 12 e os 16 anos.

O governo de Pasqual Maragall i Mira - uma coligação entre a Esquerda Republicana, os ecologistas, a Esquerda Unida e os socialistas locais - afirma que, ao abrigo da Lei da Política Linguística em que se consagra o catalão como língua oficial, os folhetos teriam necessariamente de ser escritos naquele idioma.

Criticado por várias associações de pais, que reivindicam a sua intervenção na definição dos conteúdos da educação sexual, o conselho de Educação da Generalitat - dirigido por Ernest Maragall, irmão do ex-presidente do governo da região, Pasqual Maragall - sustenta que os critérios na matéria são determinados pelos especialistas e os pais não podem criticar a distribuição desses materiais entre os mais jovens.

Ernest Maragall, segundo os diários espanhóis, admitiu todavia não conhecer o conteúdo dos folhetos.

A Federação de Associações de Pais das Escolas Livres da Catalunha (FAPEL) e a secção catalã da Associação Europeia de Pais (EPA) criticam o conteúdo por este se cingir "apenas ao sexo, sem ter em conta a família", segundo o responsável da FAPEL. Por seu lado, o catalão Diego Barroso, actual presidente da EPA, insiste que "num tema como a educação sexual não se pode ir directamente às crianças sem, ao menos, o conhecimento dos pais".

O folheto dedicado às crianças define a masturbação como "algo natural, uma forma de conhecer o teu corpo e ter novas sensações", ainda que "não seja obrigatório fazê-lo". Por seu lado, a sexualidade é explicada como algo que se vive "de acordo com os teus gostos e preferências, também explorando o teu corpo, acariciando-te e dando-te prazer através da masturbação". Esta, no folheto dirigido aos jovens dos 12 aos 16 anos, é caracterizada como "opção pessoal que não te pode fazer mal".

No segundo folheto caracteriza-se o processo da puberdade como algo "que os nossos pais não são capazes de entender", detalhando-se depois todas as fases de um relacionamento sexual.


Escrito por: ABEL COELHO DE MORAIS
Notícia retirada do Diário de Notícias (on-line em www.dn.pt)

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